data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Renan Mattos (Diário)
Com uma verdadeira celebração da arte e cultura negra, teve inicio o Mês da Consciência Negra da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A abertura, que foi transmitida na noite de sexta-feira pelo canal da Pró-Reitoria de Extensão da UFSM, contou com uma homenagem para a patronesse deste ano: a santa-mariense Giane Vargas. De acordo com a professora e ex-diretora técnica do Museu Treze de Maio, o convite foi surpreendente: - Eu fiquei muito feliz. Para mim, foi uma honra. Desde o momento em que o Victor (De Carli, Chefe do Observatório de Direitos Humanos da UFSM) me convidou, eu não hesitei em nenhum momento em estar em Santa Maria, mesmo hoje morando longe. Eu acredito que todo o reconhecimento é válido e ser reconhecido pelos seus, é muito importante.
Pra Giane, o mérito é coletivo e promoverá a reflexão.
- As nossas conquistas nunca são individuais. Elas são sempre coletivas. E eu acredito que uma homenagem como essa nos leva a refletir e até mesmo incentivar que outros jovens negros e negras queiram seguir uma carreira docente ou o caminho que quiserem - afirma ela, enfatizando que aposta na luta por meio da educação.
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TRAJETÓRIA
Anos após se graduar em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras na Imaculada Conceição (FIC) em 1988, Giane Vargas tornou-se especialista em Museologia pela Universidade Francisca (UFN), na época, ainda Centro Universitário Franciscano (Unifra), em 2002. O titulo de mestre em Patrimônio Cultural foi conquistado em 2010 pela UFSM. Entre as duas formações, ela foi responsável pelo projeto museológico de criação e revitalização do Museu Treze de Maio, um antigo Clube negro, assumindo a diretoria técnica do espaço, no período de 2003 a 2012.
Fora da academia, Giane assumiu diversos cargos, como:
- Coordenação do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI Mocinha), no campus da Unipampa, em Jaguarão
- Idealização e coordenação do Grupo de Estudos sobre o Pensamento de Mulheres Negras Atinúke
- Coordenação Executiva do projeto Portal para os Clubes Sociais Negros do Brasil entre 2009 e 2011
- Conselheira da Fundação Cultural Palmares entre os anos de 2015 e 2016
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RECONHECIMENTO
Durante o doutorado sanduíche em Portugal, Giane foi agraciada com o prêmio Museum Horizon, da Fundação Hans Manneby. A lembrança é uma das mais felizes:
-Esse prêmio foi uma das coisas mais incríveis que aconteceu na minha trajetória acadêmica e na área de patrimônio e museologia.
A pesquisadora relembra que a indicação do nome à fundação foi feita após o renomado museólogo francês Hugues de Varine visitar Santa Maria.
- No ano de 2008, esteve no Museu Treze de Maio, o francês Hugues de Varine, que é considerado a pai da museologia social e comunitária. Ele entrou dentro do Treze e conheceu o espaço. Estando em Portugal, Hugues me enviou uma mensagem através do Messenger, dizendo 'Giane, abra o seu e-mail que tem uma mensagem de uma fundação para você'. Foi a maior surpresa do mundo quando eu abri aquela carta em língua inglesa - comenta a pesquisadora.
Em 2014, ela participou da cerimônia, que ocorreu na cidade de Gotemburgo, na Suécia, entrando para a lista de profissionais de diversas partes do mundo que receberam a honraria. Três anos depois, Giane tornou-se doutora em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFSM (Poscom).
Atualmente, ela é professora adjunta do curso de Licenciatura em História da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), no campus de Jaguarão, e docente voluntária na Especialização em Estudos de Gênero, ofertada pela UFSM.
PROGRAMAÇÃO
Desde 2018, a UFSM promove o Mês da Consciência Negra, em parceria com diversos coletivos, associações, grupos de estudo e comunidade acadêmica. O evento, que ocorre anualmente, mantem como tradição a escolha e homenagem a um patrono ou uma patronesse, reconhecendo à trajetória deste ou desta na instituição, no município e na comunidade. Em anos anteriores, as professoras Maria Rita Py Dutra e Sandra de Deus e o ator Flávio Bauraqui foram condecorados.
Além da homenagem à patronesse, o evento contou com apresentações musicais e inserções do projeto Declamando Oliveira, que visa divulgar os poesias da ativista Oliveira Silveira através de videos gravados por convidados locais. A programação do Mês da Consciência Negra segue e pode ser encontrada neste link.